Pouco pão, muito circo
Pouco antes de o jogo Croácia-Portugal começar fui dar uma volta à baixa de Coimbra para de seguida aproveitar a calmaria e ir ao Pingo Doce.
Faltavam alguns minutos para o jogo e em frente à câmara municipal, património classificado pela UNESCO e local de passagem de muitos turistas, uma carrinha distribuía cabazes solidarios a uma enorme fila.
Rostos mais ou menos conhecidos dos que passeiam a baixa com frequência alinhavam-se para encher os sacos de supermercado que levavam.
Novos, velhos, casais com crianças pela mão, alinhavam-se de cabeça baixa. Estavam visivelmente incomodados por serem observados pelos turistas, como objectos. Sentiam-se expostos e ajeitavam as várias camadas de roupa que traziam apesar do calor. A fome arrefece os corpos.
Seguiam, depois, cada um com o seu saco meio cheio, meio vazio dirão eles, pelos becos e ruelas entrando em prédios degradados que exalam cheiro a mofo.
Quando cheguei ao supermercado, os que faziam uma última compra a correr para ir ver o que restava do jogo diziam: Espero que Portugal faça boa figura!
Impossível! Pensei, enquanto as filas de portugueses alinhados para receber um pedaço de pão continuarem a aumentar, Portugal não fará boa figura.
Acabei por ver o fim do jogo, demorou mais do que esperava, lá ganharam...
Obrigada, pelo seu contacto.